Podemos buscar a origem do instrumento no antigo
Egipto, onde tocavam um instrumento chamado memet, que tinha uma palheta
cortada no próprio tubo. Este tipo de instrumento, é chamado de
instrumento idioglótico. Outros instrumentos ancestrais, podem ser o
aulos grego, o cuen kan chinês, o arghul árabe e o pibgorn galês. Todos
estes instrumentos tinham palheta simples, e um ou dois tubos. O
chalumeau, é outro instrumento de palheta simples, que segundo alguns
investigadores, era tocado a 200 anos atrás, mas outros defendem que foi
desenvolvido na Idade Média. A diferença mais importante entre o antigo
chalumeau e os primeiros clarinetes, foi a chave de registo, que
aumentou consideravelmente a extensão do instrumento, soando mais agudo,
fazendo lembrar uma trompete. Desta similitude, nasceu o seu nome, pois
deriva da palavra italiana para o trompete, clarino, que deu pequeno
clarino, ou clarinetto. Admite-se que a invenção da chave de registo é
da responsabilidade do alemão Johann Christian Denner, ou dos seus
filhos, pois a primeira menção ao instrumento aparece em 1710, 3 anos
depois da morte deste senhor. Por volta de 1800, o clarinete tem já 5 ou
6 chaves. Em 1812, o clarinetista Iwan Muller, construiu um clarinete
com 13 chaves, suficiente para tocar em qualquer tonalidade com
fluência. Também foi o primeiro a usar a virar a boquilha para baixo, e
por conseguinte, a palheta em contacto com o lábio inferior, além de
usar uma liga metálica para a construção de certas partes do
instrumento. Meio século depois, Carl Barmann, adicionou mais 5 ou6
chaves, e 50 anos depois, Oskar Oehler usou o modelo de Barmann, para
construir o seu próprio instrumento, que muitos clarinetistas
profissionais alemães, ainda usam actualmente. Melhoramentos no
clarinete de Muller, foram feitos na Bélgica por Eugène Albert, Adolfe
Sax, que além de se ocupar com os clarinetes, inventou por volta de
1840, o sax-o-phone. Pela mesma altura, em França, Hyacinthe Klosé e
Louis Auguste Buffet, trabalhavam iguakmente no clarinete. Aproveitaram
algumas ideias de Theobal Boehm, inventor da flauta moderna,
aplicando-as ao clarinete. De lá para cá, muito pouco mudou no
instrumento.
A família do clarinete –
consiste no imediato em pelo menos 13 instrumentos em diversas
tonalidades. Este instrumento, aparece em vários tamanhos. O mais
popular é o clarinete soprano em sib, seguido do clarinete soprano em
lá. Existem também clarinetes soprano mais pequenos em dó, ré e mib.
Como o clarinete em mib é bastante pequeno, normalmente, vem num corpo
só, sem junção superior e inferior. Existem ainda clarinetes mais
pequenos, encontrados em bandas na Europa, incluindo o clarinete
sopranino em mi e láb. Todos os outros clarinetes soam mais grave. Um
exemplo é o clarinete basset, que é na realidade um clarinete extra
longo do clarinete soprano em lá. Isto significa que a nota mais grave é
o dó em vez do mi. O famoso concerto para clarinete de Mozart, foi em
realidade escrito para este instrumento, conhecido como clarinete
Mozart. O clarinete em fá, é quase como o clarinete alto em mib. Existe
ainda o clarinete contralto, que soa uma oitava abaixo do clarinete
alto, e clarinete contrabaixo, que soa uma oitava inferior do clarinete
baixo. Os clarinetes mais pequenos e os maiores que o clarinete soprano,
são chamados colectivamente de clarinetes de harmonia, pois nas
orquestras, são usados para fazer as harmonias que acompanham as
melodias ou os solistas. Existem ainda clarinetes menos comuns, como por
exemplo o clarinete soprano em metal afinado em sol, e usado na música
turca e grega. Vários países e regiões possuem os seus próprios modelos
de clarinetes. O importante a reter, é que todos são instrumentos de
palheta simples, embora o seu número de chaves e buracos pode variar,
como é o caso de um clarinete em madeira húngaro, chamado tárogató.
Instrumentos de sopro – o
clarinete pertence à família das madeiras, como outros instrumentos que
passaremos a referir seguidamente: o saxofone, que será o instrumento
mais próximo do clarinete, em especial semelhanças na boquilha e na
própria mecânica. A maior diferença entre os dois instrumentos, é que o
saxofone é inteiramente cónico desde a boquilha à campânula. Se abrirmos
o registo no saxofone, a nota soará uma oitava acima, ao contrário do
clarinete, que quando se abre o registo, soará uma 12ª acima. Outro
instrumento da família, é a flauta, que apresenta muitas semelhanças a
nível do mecanismo, que como já foi dito, usa em ambos os casos o
sistema Boehm, inventado para a flauta. Falamos agora do oboé e do
fagote: tem tubo cónico como o saxofone, mas é feito em madeira como o
clarinete. No entanto soa muito diferente, pois usa uma palheta dupla,
onde o som é produzido, pela vibração das palhetas uma contra a outra.
Para terminar, é de referir que o clarinete comporta-se
como um tubo fechado, o que em termos acústicos implica que ao accionar a
chave de oitava, o som produzido vibrará 3 vezes mais rápido que o som
sem o registo. Por outras palavras, o clarinete só produzirá harmónicos
ímpares, ao contrário dos outros instrumentos que se comportam como
tubos abertos, ou por terem tubos cónicos ou por serem abertos em ambas
as extremidades.
Marcas – comparada com fabricantes de
violinos e guitarras, o número de fabricantes de clarinetes é reduzida.
As três empresas francesas Buffet-Crampon, Leblanc e Henri Selmer, são
as que mais vendem no mundo. Yamaha, construtor japonês, é também uma
marca importante a nível mundial.
Existem outras marcas que merecem menção: Amati –
companhia chaca, Artley e Selmer dos Estados Unidos, Hanson do Reino
Unido, as tailandesas Dixon e Júpiter , Orsi e Ripamonti da Itália, e a
chinesa Lark. Estas marcas trabalham mais, na gama mais barata de
clarinetes existentes no mercado. Por outro lado, existem pequenos
fabricantes, que produzem instrumentos na gama mais cara, como por
exemplo as britânicas Eaton e Howarth, a italiana Patricola e a Rossi do
Chile, cujos produtos incluem clarinetes em sib fabricados sónuma peça.
Existem os fabricantes alemães que fabricam exclusivamente com o
sistema alemão como a Bernd Moosman, Richard Keilwerth, Arthur Uebel,
Puchner, Schwenk & Seggelke, Schreiber que colabora com a Buffet
Crampon e a Hammerschmidt, que também fabrica clarinetes austríacos. A
marca alemã mais conhecida é a Herbert Wurlitzer, que fabrica clarinetes
muito caros, mas que muitas orquestras de renome exigem que os seus
músicos possuam instrumentos desta marca.
Grupos e orquestras – o clarinete é um
instrumento muito versátil, que se integra em bandas de instrumentos de
sopro, bandas de salão, orquestras sinfónicas, grupos de música de
câmara, emsembles só de clarinetes, concertos para solistas, grupos de
jazz, música cigana, música folclórica, dixiland, etc.
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